Menopausa: Como as Ervas Naturais Podem Ajudar a Reduzir os Calores
O corpo feminino é uma obra em constante transformação. E a menopausa, longe de ser o fim de um ciclo, é o florescimento de uma nova fase. Ainda assim, os calores repentinos — os famosos fogachos — podem tornar essa transição desconfortável. Ondas de calor que sobem pelo corpo, suores noturnos, irritabilidade e insônia são apenas alguns dos sintomas que marcam esse período.
Enquanto a medicina moderna oferece terapias hormonais e medicamentos, muitas mulheres redescobrem o poder silencioso das plantas. As ervas, presentes na história humana desde tempos imemoriais, voltam a ser vistas como aliadas naturais no equilíbrio do corpo e da mente. E entre elas, algumas se destacam por aliviar os calores e trazer serenidade aos dias e noites da menopausa.
Essa é uma jornada de autoconhecimento, de retorno às origens, onde a natureza e a ciência se encontram para devolver à mulher o conforto que o tempo às vezes tenta tirar.
Entendendo a Menopausa e os Fogachos
A menopausa é definida como o período que marca o fim natural da menstruação, geralmente entre os 45 e 55 anos. Ela ocorre quando os ovários deixam de produzir estrogênio e progesterona em quantidades significativas — hormônios essenciais para a regulação térmica, emocional e metabólica do organismo.
Os fogachos surgem devido à desregulação do centro de controle térmico no cérebro (o hipotálamo), que passa a interpretar pequenas variações de temperatura como um superaquecimento. O resultado: o corpo reage dilatando vasos e produzindo suor para se resfriar, o que causa a sensação súbita de calor.
De acordo com estudos publicados no Journal of Women’s Health, cerca de 75% das mulheres experimentam ondas de calor durante a menopausa. A intensidade e frequência variam conforme genética, alimentação, nível de estresse e estilo de vida.
A boa notícia é que a natureza oferece compostos bioativos capazes de agir suavemente sobre esses desequilíbrios, restaurando parte da harmonia hormonal de forma natural.
O Poder das Ervas no Equilíbrio Hormonal
As ervas medicinais possuem fitoquímicos conhecidos como fitoestrogênios — substâncias vegetais que mimetizam a ação do estrogênio humano em alguns tecidos do corpo. Elas se ligam parcialmente aos receptores hormonais e ajudam a reduzir sintomas como fogachos, ressecamento vaginal e alterações de humor.
Diferente da reposição hormonal sintética, os fitoestrogênios atuam de forma mais branda e adaptativa, respeitando o ritmo do organismo. Por isso, muitas mulheres encontram nas ervas uma alternativa natural e segura, principalmente quando acompanhadas por profissionais especializados em fitoterapia ou ginecologia integrativa.
É importante compreender que o uso de ervas não substitui a orientação médica. Elas são complementares — um suporte ao equilíbrio físico e emocional, que precisa caminhar junto com bons hábitos de vida.
Principais Ervas Indicadas para Amenizar os Calores
Diversas espécies vegetais vêm sendo estudadas e utilizadas há séculos para o alívio dos sintomas da menopausa. Entre as mais reconhecidas pela ciência e pela tradição estão:
Sálvia (Salvia officinalis) — rica em flavonoides e compostos fenólicos, tem ação reguladora sobre o sistema nervoso autônomo, reduzindo a intensidade e a frequência dos fogachos. Estudos suíços mostraram até 50% de redução dos suores noturnos após quatro semanas de uso.
Trevo-vermelho (Trifolium pratense) — contém isoflavonas naturais com estrutura semelhante ao estrogênio. Além de aliviar calores, auxilia na saúde óssea e cardiovascular, prevenindo perda de densidade óssea pós-menopausa.
Amora-preta (Morus nigra) — usada popularmente como tônico feminino. Suas folhas são ricas em fitoesteroides e compostos antioxidantes que ajudam a reduzir suores e irritabilidade. É uma das ervas mais utilizadas no Brasil, especialmente em forma de chá.
Cimicifuga racemosa (Black Cohosh) — talvez a erva mais estudada da fitoterapia ocidental. Atua em receptores de serotonina e dopamina, ajudando a regular temperatura corporal e humor. Estudos clínicos apontam melhora significativa dos sintomas em até 80% das mulheres.
Linhaça (Linum usitatissimum) — fonte vegetal de lignanas, que se transformam em fitoestrogênios no intestino. Além de auxiliar nos calores, contribui para o controle do colesterol e para a saúde intestinal.
Erva-de-São-Cristóvão — utilizada em fórmulas fitoterápicas compostas, combina ação calmante com equilíbrio hormonal leve, ideal para mulheres que sofrem também com insônia e ansiedade.
Hábitos que Potencializam os Efeitos das Ervas
Nenhuma planta age isoladamente. O estilo de vida é parte essencial do equilíbrio hormonal.
Dormir bem, reduzir o consumo de cafeína e álcool, manter-se hidratada e praticar exercícios leves como caminhada, ioga ou pilates potencializa os resultados das ervas.
Alimentos ricos em ômega 3, cálcio e magnésio — como sementes, castanhas e vegetais verde-escuros — também contribuem para o controle dos calores. Evitar o estresse é igualmente importante: estudos mostram que o cortisol elevado interfere diretamente na regulação térmica e acentua os fogachos.
A combinação entre fitoterapia, boa alimentação e gestão emocional é o verdadeiro tripé do equilíbrio feminino durante essa fase.
Receitas e Preparos Simples
As ervas podem ser utilizadas em infusões, tinturas ou cápsulas padronizadas. Abaixo, algumas formas tradicionais e seguras de preparo:
Chá de Sálvia e Amora
1 colher de chá de folhas secas de sálvia e 1 colher de chá de folhas de amora-preta para cada xícara de água quente.
Deixe infundir por 10 minutos. Tome duas vezes ao dia.
Chá de Trevo-vermelho com Hortelã
1 colher de sopa de flores de trevo-vermelho e algumas folhas frescas de hortelã.
Além de refrescante, ajuda a reduzir suores e traz sensação de leveza mental.
Suco funcional com Linhaça
Bata 1 colher de linhaça dourada, 1 maçã verde, suco de meio limão e 200 ml de água de coco.
Excelente pela manhã para estabilizar o metabolismo.
É fundamental que as ervas sejam adquiridas de fontes seguras, preferencialmente em farmácias de manipulação ou viveiros especializados em plantas medicinais.
Orientações e Cuidados Importantes
Apesar de naturais, as ervas medicinais não são isentas de contraindicações. Mulheres com histórico de câncer de mama, endometriose ou miomas devem evitar o uso de fitoestrogênios sem supervisão médica.
A automedicação pode mascarar sintomas de outros desequilíbrios hormonais. O ideal é que o tratamento fitoterápico seja acompanhado por um profissional capacitado, capaz de ajustar doses e identificar possíveis interações medicamentosas.
O acompanhamento regular, aliado a exames de rotina, garante segurança e eficácia ao processo de adaptação da menopausa.
O Papel das Emoções na Menopausa
A ciência já reconhece que os sintomas da menopausa não são apenas físicos — eles também refletem o estado emocional da mulher. Oscilações hormonais afetam neurotransmissores como serotonina e dopamina, alterando humor, motivação e sensação de bem-estar.
As ervas adaptógenas, como ashwagandha, rhodiola e ginseng siberiano, auxiliam no equilíbrio emocional, reduzindo ansiedade e fadiga mental. Aliadas à meditação e à respiração consciente, elas ajudam a estabilizar o sistema nervoso autônomo, promovendo clareza e serenidade.
Em um nível mais sutil, cuidar das emoções é tão terapêutico quanto cuidar do corpo. Essa integração entre alma e natureza é o que transforma o processo da menopausa em um verdadeiro rito de passagem interior
Aromaterapia e Relaxamento Natural
Além das ervas ingeridas, os óleos essenciais desempenham um papel importante no alívio dos sintomas da menopausa.
O óleo essencial de sálvia-esclareia (Salvia sclarea) é um dos mais potentes para equilibrar o sistema endócrino e reduzir ondas de calor. O óleo de lavanda traz efeito calmante e melhora a qualidade do sono, enquanto o gerânio auxilia no humor e no equilíbrio hormonal.
Uma gota diluída em óleo vegetal e aplicada nos pulsos ou difusores de ambiente pode reduzir significativamente o estresse e promover bem-estar.
Essa combinação entre fitoterapia e aromaterapia cria um ambiente sensorial de autocuidado — um refúgio diário onde a mulher se reconecta com o próprio ritmo natural.
Os 76 sintomas da menopausa que quase ninguém te conta
A menopausa não é apenas sobre calores intensos — é sobre mudanças profundas em todo o corpo.
Muitas mulheres passam anos tentando entender o que está acontecendo sem imaginar que todos esses sinais estão conectados à mesma fase natural da vida.
Veja abaixo os 76 sintomas que podem aparecer durante a menopausa (alguns deles surpreendem até os médicos):
Sintomas Físicos
- Ondas de calor (fogachos)
- Suor noturno
- Insônia
- Fadiga constante
- Palpitações cardíacas
- Tontura
- Dores de cabeça ou enxaqueca
- Dores nas articulações (artralgias)
- Dores musculares (mialgias)
- Rigidez matinal
- Dores lombares
- Formigamento nas mãos e pés
- Calafrios repentinos
- Retenção de líquidos
- Inchaço abdominal
- Ganho de peso, especialmente na região da barriga
- Perda de massa muscular
- Diminuição da densidade óssea (osteopenia ou osteoporose)
- Queda de cabelo
- Unhas quebradiças
- Pele seca e fina
- Coceira corporal (prurido)
- Alteração no odor corporal
- Boca seca ou sensação de queimação na língua
- Alterações na visão (turvação, sensibilidade à luz)
- Zumbido nos ouvidos ou sensação de ouvido tampado
- Gosto metálico ou amargo na boca
- Dificuldade para engolir
- Dores ou sensibilidade nos seios
- Redução do tamanho e firmeza mamária
- Dores nas pernas
- Peso nas pálpebras
- Alterações na pressão arterial
- Redução da libido
- Secura vaginal
- Dor durante a relação sexual (dispareunia)
- Ardência vaginal
- Corrimentos incomuns
- Infecções urinárias recorrentes
- Incontinência urinária
- Vontade frequente de urinar
- Diminuição da elasticidade da pele
- Sensação de calor súbito sem suor
- Pequenos “choques elétricos” pelo corpo
Sintomas Emocionais e Psicológicos
- Ansiedade
- Irritabilidade constante
- Crises de choro sem motivo
- Depressão leve ou moderada
- Falta de motivação
- Mudanças bruscas de humor
- Tristeza profunda sem causa aparente
- Hipersensibilidade emocional
- Dificuldade de concentração
- Esquecimentos frequentes
- Sensação de “névoa mental” (confusão)
- Falta de paciência
- Sensação de solidão
- Medo do envelhecimento
- Perda de autoconfiança
- Redução da autoestima
- Sentimento de inadequação
- Crises existenciais
- Ataques de pânico noturno
- Dificuldade de lidar com o estresse
- Desequilíbrio emocional recorrente
- Alterações cíclicas de humor (como uma TPM estendida)
Sintomas Metabólicos e Internos
- Resistência à insulina
- Alterações no colesterol
- Aumento dos triglicerídeos
- Diminuição do metabolismo basal
- Alterações no apetite
- Desejo maior por doces
- Digestão lenta
- Constipação intestinal
- Sensação de estufamento após as refeições
- Desequilíbrio na microbiota intestinal
Bloco Acadêmico
Pesquisas científicas reforçam a importância da fitoterapia na saúde feminina.
Um estudo publicado no Phytotherapy Research (2021) demonstrou que extratos de Cimicifuga racemosa reduzem até 70% dos sintomas vasomotores em mulheres pós-menopáusicas.
Já o Journal of Ethnopharmacology relatou o potencial antioxidante da amora-preta e da sálvia, associando seu consumo regular à melhora do sono e à estabilização emocional.
Essas descobertas evidenciam que o uso racional e orientado das ervas pode representar uma ponte entre tradição e ciência, oferecendo alternativas seguras às terapias convencionais.
Veja também: O Poder das Plantas: Conhecimento, Cura e Conexão com a Natureza
Última Folha
A menopausa é um recomeço, não um fim. É o tempo em que a mulher floresce para dentro, aprendendo a acolher o próprio corpo com ternura e paciência. As ervas — silenciosas, persistentes e sábias — apenas lembram o que o corpo já sabe: que a cura é um processo de escuta.
O calor que antes era incômodo transforma-se, então, em símbolo de força e vida que continua a pulsar.
Com folhas pequenas e sonhos grandes, dall.conecta